terça-feira, 25 de setembro de 2007

Maior retrospectiva de Paula Rego inaugurada hoje em Madrid


Paula Rego está no meio da sala de exposições a falar com uma mulher. Há uma sensação de estranheza quando se olha com mais atenção. O rosto de traços largos e bem definidos da mulher que conversa com a pintora parece multiplicar-se quase até ao infinito nos quadros que nos rodeiam.

Paula Rego faz um sinal para nos aproximarmos. "Desculpem, estava aqui a falar com a Lila." E, de repente, já não há mistério. Lila Nunes é, desde há muitos anos, a modelo com que a pintora trabalha. É ela o corpo, e o rosto, de muitos dos quadros da retrospectiva — a mais abrangente feita até à data — do trabalho de Paula Rego, que é inaugurada hoje no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

É Lila o corpo das mulheres que abortam, na série sobre o aborto, é ela as avestruzes que querem voar e não conseguem na série sobre as Avestruzes de Walt Disney, é ela a Mulher Cão, de cócoras e boca aberta, em poses de humilhante submissão. É Lila que vemos em muitos dos 89 quadros que, juntamente com mais de cem aguarelas, desenhos e gravuras, compõem esta exposição, que é também a primeira grande mostra em Espanha do trabalho da pintora nascida em Portugal em 1935 e a viver em Inglaterra há mais de cinco décadas. Paula Rego está feliz por expor "na cidade onde está a melhor pintura do mundo". [O Público]

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