sábado, 15 de setembro de 2007

Ainda a tempo…


Placenta - Prova de Artista - 2006

Exposição de fotografia - Ngola Bar

De 1 de Julho a 30 de Setembro [Centro das Artes de Sines]

KILUANJI KIA HENDA

Nasce em Luanda em 1979, capital Angolana onde vive e trabalha. Homem dos sete ofícios, tem explorado variados campos artísticos, teatro, música, fotografia, realização e produção de eventos.
Destaca-se a sua colaboração com o grupo “Nacionalistas”, participou em vários espectáculos com os “Contadores de Histórias”, trabalhou com Ivo Ferreira e Cândido Ferreira na peça “Quem me dera ser onda”, com José Mena Abrantes em “Morte e Vida Severina”, no espectáculo e exposição “Portas e Abertas” e no colectivo Exsef (Expressões Sem Fronteiras) em Luanda, expôs em feiras de arte e museus na Europa ("Art InVisible", Arco, Madrid, 2006; "Observatory SD", IVAM, Valência, 2006). Recentemente, o seu trabalho foi seleccionado para o projecto de curadoria "Check List Luanda Pop", do Pavilhão Africano da 52.ª Bienal de Veneza (2007), a par de nomes consagrados da arte contemporânea como Ghada Amer, Miquel Barcelò, Jean Michel Basquiat, Marlène Dumas, Viteix, etc.
Encontramo-lo agora em Sines com uma exposição individual, incluída como iniciativa paralela do FMM – Festival Músicas do Mundo 2007.
Uma das primeiras fotografias que o CAS recebe de Kiluanji, e que integra a exposição “Ngola Bar” tem como título “Placenta”, são dois miúdos no interior de uma estrutura cilíndrica, e uma luz forte e intensa que entra por aberturas laterais. Apesar da luz, das cores ou da pose alegre das crianças, o perigo e a morte também estão presentes, pois imprevisivelmente, a estrutura torna-se uma mira de espingarda apontada ás crianças, o que faz do fotógrafo um franco-atirador.
É uma imagem que consegue a proeza de conciliar o fascínio repulsivo dos seus diferentes significados, um corpo de conflitos: a vida dentro da morte.
Terá sido esta a relação que o Ocidente estabeleceu com África durante séculos. África ocupa um lugar no contraditório Ocidental: palco simultâneo de pecado e ausência de pecado, da mortandade e da vitalidade, do pesadelo e do sonho. África é ainda o nosso anseio de um poder de recriação infinito.
A montagem desta exposição teve da parte do artista a preocupação com a eventualidade de uma troca da ordem das imagens poder afectar irremediavelmente a sua leitura, apesar de não existir a possibilidade de afectar a narrativa ou sentido. As imagens são o jogo do artista; o sentido o jogo do espectador.
Kiluanji Kia Henda é um fotógrafo da mobilidade, não só pela extensa paisagem de Angola, como pela viagem que empreende pela “imagem estética” – suporte contemporâneo da leitura visual, que subtrai a tradição das classificações e dos géneros que enformaram períodos históricos anteriores. Os títulos das fotografias subvertem as imagens, deslocam os significados imediatos e tornam as imagens em tensões controversas que se abrem a leituras potencialmente imprevistas, que Kia Henda explora, sem dúvida.

(A partir do texto de Marta Mestre/CAS/FMM)

Momento de descoberta, a desfrutar ao fim do dia, acompanhado ou só, a não perder, até 30 de Setembro no CAS em Sines.

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